Apresentação polêmica no Festival de Inverno de Garanhuns gera debate

Em 01/08/2018
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Deputados da Bancada Evangélica repudiaram discursos de artistas contratados para o 28º Festival de Inverno de Garanhuns, realizado de 19 a 28 de julho pela Secretaria Estadual de Cultura. Eles entenderam como uma afronta ao Cristianismo as palavras utilizadas pelos cantores Johnny Hooker e Daniela Mercury para defender a encenação da peça O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Rainha do Céu, interpretada por uma atriz transexual. André Ferreira, do PSC, propôs que o Governo do Estado suspenda o pagamento do cachê do pernambucano Johnny Hooker: “É inadmissível que um cantor suba no palco para ofender nós, pernambucanos, com o nosso dinheiro, com o dinheiro público. Quando nós defendemos a família cristã, nós somos taxados como fundamentalistas. Agora, quando o cantor vem chamar Jesus Cristo de bicha, isso aqui em Pernambuco virou arte.”

Presidente da Comissão de Cidadania, o deputado Edilson Silva, do PSOL, defendeu o movimento LGBT e disse que ele não deve ser confundido com a conduta de determinado artista.  “Eu não estou aqui para fazer julgamentos, se foi correto, se não foi, se exagerou, se não exagerou. Estive em Garanhuns para ver a peça. E o que assisti foi uma mensagem de perdão, de gratidão, de acolhimento, que no meu entendimento é o centro e a essência da mensagem do Cristianismo.”

Edilson Silva lembrou que a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos LGBT não conseguiu os votos necessários para funcionar na Alepe, o que prova a necessidade de dar visibilidade a essa população. Para o deputado Pastor Cleiton Collins, do PP, no entanto, as causas LGBT podem ser discutidas na própria Comissão de Cidadania.

Teresa Leitão, do PT, entendeu que houve, de fato, um ato de censura no Festival de Inverno.  Já para o deputado Waldemar Borges, do PSB, a organização do evento acertou ao mudar a programação quando percebeu que a encenação poderia ofender a crença de parte da população. Quanto às falas dos cantores, lembrou que o governo não pode se responsabilizar pela conduta de cada um.

Na avaliação de Priscila Krause, do Democratas, faltou diálogo do governo com a sociedade na hora de definir a programação do evento. A opinião foi compartilhada por Joel da Harpa, do PP, que sugeriu um movimento suprapartidário para pressionar o Poder Executivo a suspender o pagamento dos cachês dos envolvidos.